Por que o Diamante CVDentus é considerado uma tecnologia aeroespacial?

Após finalizar o pós-doutorado na NASA e CALTECH, o físico e sócio-fundador da CVDVale (dona da Marca CVDentus), Vladimir Jesus Trava Airoldi, decidiu aplicar os frutos das pesquisas científicas do setor aeroespacial em produtos de alto impacto tecnológico.

 

Tudo começou em 1989, quando Vladimir tomou a importante decisão de ir para o exterior fazer pós-doutorado. O Instituto escolhido? Nasa.

Tinha em mente dois objetivos bem definidos: aprofundar seus conhecimentos em física molecular, pois na época coordenava a fabricação de motores de satélites para o programa MECB do INPE;  e conhecer todos os mecanismos que os estrangeiros utilizavam para transformar trabalhos científicos em produtos de alto valor agregado para a sociedade.

Na Nasa conduziu pesquisas na área de diagnóstico óptico em jato de gases aplicados em sistemas de propulsão elétrica, no JET Propulsion Laboratory (Pasadena, CA). Mas, em dúvida se este tema teria aderência às necessidades do Brasil, e ainda nos EUA, Vladimir resolveu estender o seu trabalho para o também famoso California Institute of Technology – CALTECH, onde teve de fato o primeiro contato com o diamante-CVD (chemical vapor deposition), utilizado originalmente como dissipadores de calor, lubrificantes sólidos e protetores ópticos. A escolha do tema, conta Vladimir, dessa vez pareceu mais acertada frente ao grande apelo científico e tecnológico do diamante.

Um ano depois, finalizou esta jornada com duas importantes constatações:

1) Todos os projetos que abrangem os anseios da sociedade não serão úteis apenas nas suas áreas de origens, mas também para outros segmentos;

2) O caminho que torna isso possível é a criação de Pequenas Empresas Inovadoras.

Ainda hoje, Vladimir inicia todas as palestras que realiza citando grandes invenções oriundas de estudos espaciais, as quais pouca gente tem conhecimento, como por exemplo equipamentos sem fios, GPS, fraldas infantis descartáveis, frigideiras de teflon antiaderentes, entre outras.

Já de volta ao Brasil, em 1998 fundou a empresa CVDVale com um grupo de cientistas. Juntos, eles aceitaram o desafio proposto de levar à sociedade tecnologia aeroespacial de ponta. Contaram com o apoio financeiro da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e FINEP (Financiadora de Inovação e Pesquisa), que viram grande potencial de pesquisa, benefícios e aplicações para a indústria.

Vladimir completa: “A CVDVale nasceu a partir de um projeto de pesquisa e desenvolvimento que temos no INPE, na qual sou coordenador.  Este projeto se chama DIMARE (Diamante CVD – Chemical Vapor Deposition – e Materiais Relacionados), e contempla a pesquisa de novos materiais, suas possíveis aplicações, em geral únicas no mundo, e que possam agregar valor aos produtos finais. Nossa intenção foi disponibilizar para a sociedade, de forma rápida e funcional, produtos que tivessem a mesma tecnologia desenvolvida com foco espacial, ou seja, cujo controle de qualidade e a prevenção de falhas são robustos”. Esse processo acontece até hoje por meio de transferência de tecnologia do Instituto de pesquisa para a Empresa, via contrato.

Na criação da CVDVale, o grupo de fundadores também levou em conta a possibilidade de explorarem tecnologias que empresas convencionais não teriam condições, seja pela falta de conhecimento técnico, seja pelos investimentos relativamente altos no início.

Vladimir Jesus Trava Airoldi, ao lado de reator onde acontece o crescimento de Diamante tipo DLC (Diamond Like Carbon)

Mas você deve estar se perguntando, e como esta tecnologia foi parar na área odontológica?”. A resposta é simples. A escolha da odontologia surgiu de uma estratégia baseada no grau de instrução elevado dos dentistas e do fato de precisarem de produtos com tecnologia agregada para se diferenciarem no mercado.

Vale ressaltar que o uso do diamante em forma de pó, em conjunto com o aparelho de ultrassom, já havia sido relatado na década de 1950 em preparo de cavidades. Nesta época foi observado que o método era mais indolor que o tradicional, e que não provocava sangramentos.

inovação da CVDentus consiste em crescer uma pedra única de diamante sintético numa superfície metálica, de maneira extremamente aderente. Esta é a parte mais importante do invento, e objeto da patente vigente nos Estados Unidos, Europa, Austrália, Japão e China. Além dessa, a empresa reúne outras 13 patentes e centena de trabalhos científicos.

“Com isso acumulamos alguns prêmios, destaco o da FINEP como melhor produto da Região Sudeste, a Menção honrosa nacional, distinção conferida diretamente pelo Presidente da República e o prêmio WIPO (World Intellectual Property Organization) de melhor invento do mundo”, conta com orgulho Vladimir.

Pode-se dizer que foi na Odontologia que a CVDVale começou. Hoje, devido à versatilidade do diamante, a empresa também oferece soluções para os mercados: médico, mecânico, metalúrgico, mineração, petróleo, científico e industrial.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO DIAMANTE CVD

O diamante CVD apresenta uma superfície homogênea e isenta de arestas abruptas, ou seja, a superfície metálica é completamente recoberta. Possui ainda dureza elevada (diamante CVD 95GPa vs. esmalte dentário 3,3Gpa), altíssima aderência como já foi mencionado, compatibilidade biológica e química, o menor coeficiente de atrito entre os materiais sólidos, condutividade térmica mais elevada do que todos os outros materiais e grande intervalo de transmissão óptica, possibilitando aplicações em ferramentas de corte e abrasão.

Quais as vantagens da pontas odontológicas com este tipo de Diamante?

Na área odontológica, as principais vantagens deste produto são:

  • Não causa dor, até 70% dos procedimentos podem ser realizados sem anestesia;
  • Não causa sangramento, pois não corta tecido mole;
  • Diminui muito o risco de contaminação por ser biocompatível;
  • A homogeneidade do diamante CVD também oferece melhor acabamento aos términos de preparo, preserva o tecido sadio dos dentes – evitando-se extrações indesejáveis;
  • Durabilidade até 30x superior, se comparado a uma broca convencional, entre outras.
  • Em conjunto com o ultrassom, é também mais preciso, garante maior visibilidadenão possui o ruído da alta rotação, também não produz “spray” de água, dando maior biossegurança ao profissional e acelera o pós-operatório.

Portanto os tratamentos são consideravelmente mais seguros e confortáveis.

O FUTURO DA CVDENTUS

“A inovação sempre esteve presente no DNA da CVDentus”. Com esta afirmação, Vladimir conclui: “os estudos em laboratórios permanecerão intensos, para nos mantermos à frente dos avanços tecnológicos, e com isso esperamos alcançar novos mercados para consolidar cada vez mais a tecnologia 100% brasileira”.

Hoje a CVDentus exporta para Portugal, Itália, Croácia e Espanha.

Vladimir Jesus Trava Airoldi é Bacharel em Física-USP (1979), Doutorado ITA(1986), Pos-doc-NASA e Caltech (1989/1990)/USA. Autor de 250 publicações científicas, autor de 14 patentes, 6 já concedidas, 460 apresentações em congressos, sendo 28 palestras convidadas, 8 prêmios científicos, Prêmio Governador Mario Covas de melhor invento (1998), prêmio de inventor inovador oferecido pela FINEP (2011), prêmio de melhor invento do mundo oferecido pela WIPO (2011). Coordenador do projeto DIMARE do INPE, Fundador Principal da Empresa CVD Vale Ltda. Especialista em Física Molecular, Plasma, Transferência de Tecnologia, Empreendedorismo e Inovação.”

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